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Djalma do Alegrete

Atualizado: 25 de jul. de 2023



Nascido com o nome de Djalma Cunha dos Santos, em Alegrete, no Rio Grande do Sul, se autonomeou Djalma do Alegrete para não ser confundido com o ex-jogador de futebol Djalma dos Santos. Ao longo de sua trajetória, conviveu com o prestígio e a marginalidade social, como ele mesmo reconheceu quando disse: “apesar do prestígio que consegui, sou marginal por ser homossexual e negro”, em notícia do O Globo, em 06 de novembro de 1988.


Djalma do Alegrete foi multiartista: pintor, decorador, cenógrafo, educador, figurinista e carnavalesco. A partir de 1956 surge como pintor, participando de exposições coletivas e individuais, onde se destaca o IX Salão de Artes Plásticas da Sociedade Xico Lisboa (1958), a coletiva de artistas sul-rio-grandense no Leme Palace Hotel (1968), a mostra individual no Instituto Cultural Brasil – EUA (1962), a Galeria Pancetti (1967) e outras. Estudou artes plásticas e jornalismo, sendo apontado como o primeiro aluno negro do Instituto de Belas Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Para se qualificar como professor, frequentou o curso de didática na Faculdade de Filosofia em 1958.


Transitando com desenvoltura nos espaços de sociabilidade negra, marcou presença nos carnavais de rua de Porto Alegre se tornando figurinista destacado, atividade pela qual recebeu diversos prêmios: foi pentacampeão (1959-1963) de vestimentas de blocos carnavalescos. No primeiro ano, venceu com a temática “Civilização Inca”, como consta no livro coordenado por Irene Santos, Negro em Preto e Branco: história fotográfica da população negra em Porto Alegre, onde está reproduzido um croqui elaborado para a “ala dos pajens do maracatu”. Recebeu notoriedade internacional por ter desenhado o traje “Exaltação dos Pampas” usado pela gaúcha Ieda Maria Vargas, vencedora do concurso Miss Universo em 1963, nos Estados Unidos. Como pintor, marcou sua carreira na década de 1960 por ter trabalhos premiados nos Estados Unidos e no Panamá.


Passa a viver no Rio de janeiro como uma espécie de refúgio em razão do racismo explícito que vinha acompanhado de seu sucesso profissional, conforme relata o Correio da Manhã, em 23 de junho de 1963: “O figurinista gaúcho Djalma dos Santos, por causa da segregação racial que existe no Rio Grande do Sul (ele é de cor) deixará Porto Alegre em agosto”. Para confirmar a situação, Djalma relata sobre a discriminação sofrida, inclusive recebendo pedradas e humilhações, quando foi professor de artes em uma cidade do interior gaúcho. Em sua percepção, a própria temática que trabalhava no campo das artes: religiões e origens africanas, incluindo lendas negras do afro-brasileiro, não encontrava espaço no seu estado natal. Em vídeo do CULINE (Acervo Digital da Cultura Negra), aparece em uma de suas exposições confirmando que “a cultura afro-brasileira como tema não encontrava nicho no Sul, onde lhe dizem que podia comprometer os comparadores”.


Djalma do Alegrete foi ainda educador social no Rio de janeiro, cidade que lhe concedeu o título de Cidadão Emérito, porém não desistiu de Porto Alegre, retornando a capital gaúcha em 1971, vindo a receber mais tarde, a honraria de Cidadão Emérito de Porto Alegre, em 1992. Faleceu em 22 de abril de 1994.




Referências:





SANTOS, Irene. Negro em Preto e Branco: história fotográfica da população negra em Porto Alegre. Porto Alegre: EST Edições, 2005


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