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Dr. Veridiano Farias

Atualizado: 13 de set. de 2023



Veridiano Farias foi um músico e médico bastante atuante e conhecido no carnaval de Porto Alegre, nos anos 1930/1940. Ensaiador do bloco “Os Prediletos” (SANTOS, 2005, p. 78-79), tinha a música e o carnaval como sua paixão, além da medicina. Crê-se que Farias fora o segundo médico negro formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).


Filho do casal Maria Farias e Franklin Fortunato Farias, Veridiano nasceu em 1906 na cidade de Rio Grande, migrando aos 13 anos com a família para Porto Alegre, local onde nasceram seus outros seis irmãos (GOMES, 2016, p. 163-164). Na vida adulta, casou-se com Isabel e teve três filhos: Judith, William e Jurandir (SANTOS, 2005).


Figura 1: Formatura do Dr. Veridiano Farias, UFRGS, Porto Alegre/RS – 1951.

Fonte: Negro em Preto e Branco (SANTOS, 2005, p. 78).



Figura 2: Músico Veridiano Farias, Porto Alegre/RS – anos 1930

Fonte: Negro em Preto e Branco (SANTOS, 2005, p. 79).


Considerado “um músico completo”, Veridiano era multi-instrumentista, tocando diversos tipos de instrumentos – saxofone, violino, piano, bateria – do sopro à percussão (SANTOS, 2005). Como músico profissional, trabalhou em orquestras, como a da Rádio Farroupilha e Difusora, além de conjuntos musicais que tocavam na noite porto-alegrense, como o Jazz Paris, tornando-se amigo de nomes como Lupicínio Rodrigues e Jamelão, em sua passagem por terras cariocas. Dolzira Padilha, uma antiga foliã, ao relembrar os carnavais dos anos 1920/1930, tem Veridiano em sua memória como um carnavalesco apaixonado, ensaiador de bloco: “Então esse ‘Prediletos’ tirava campeão. [...] tinha um moço que era de cor também e ele formou-se médico [...] o Veridiano... E então ele é desses Prediletos, ele era fanático. Todo mundo conhecia o Veridiano.” (PADILHA, 1991, p. 2 apud VIEIRA, 2021, p. 171).


É provável que, nessa época, Veridiano ainda trabalhasse como motorneiro, conduzindo bondes, tornando-se posteriormente chofer no Departamento Estadual de Saúde. Somente aos 36 anos concluiu o 2º grau no Colégio Estadual Júlio de Castilhos (GOMES, 2016). Mas isso não impediu o filho da dona de casa e do estivador do porto de aspirar a continuidade nos estudos, cuja persistência lhe renderia o apelido de o “teimoso”. No mesmo ano, em 1942, presta vestibular para Faculdade de Medicina de Porto Alegre (UFRGS), reprovando. Persiste e em 1943 é aprovado, mas não obtém classificação. Com a nota alcançada, ingressa na Faculdade de Ciência Médica do Rio de Janeiro (GOMES, 2016). Em 1947, após intervenção de seu pai junto ao governo federal, consegue transferência para a Faculdade de Medicina da UFRGS, onde forma-se em 1951. Colega, o Dr. Isaac Kelbert descreve a noite da formatura, conforme levantado pelo historiador Arilson Gomes (2016), no periódico A Hora, em 10 de setembro de 1954:


[...] no dia 15 de dezembro de 1951, vestindo o seu impecável smoking teve o nosso herói a maior noite de sua vida [...], a maior salva de palmas da noite foi reservada para ele [...] pelo esforço, pela perda de horas de dormir, pelo sacrifício pessoal (apud GOMES, 2016, p. 167).


No ano seguinte, o promissor médico falece precocemente, poucos dias antes de assumir como Diretor do Hospital Colônia Itapuã, na época ainda chamado de Leprosário. Em pouco tempo, torna-se nome de rua no bairro Petrópolis, a qual permanece até os dias atuais.


Figura 1: Formatura do Dr. Veridiano Farias, UFRGS, Porto Alegre/RS – 1951.

Fonte: Negro em Preto e Branco (SANTOS, 2005, p. 78).


Figura 2: Músico Veridiano Farias, Porto Alegre/RS – anos 1930

Fonte: Negro em Preto e Branco (SANTOS, 2005, p. 79).


Considerado “um músico completo”, Veridiano era multi-instrumentista, tocando diversos tipos de instrumentos – saxofone, violino, piano, bateria – do sopro à percussão (SANTOS, 2005). Como músico profissional, trabalhou em orquestras, como a da Rádio Farroupilha e Difusora, além de conjuntos musicais que tocavam na noite porto-alegrense, como o Jazz Paris, tornando-se amigo de nomes como Lupicínio Rodrigues e Jamelão, em sua passagem por terras cariocas. Dolzira Padilha, uma antiga foliã, ao relembrar os carnavais dos anos 1920/1930, tem Veridiano em sua memória como um carnavalesco apaixonado, ensaiador de bloco: “Então esse ‘Prediletos’ tirava campeão. [...] tinha um moço que era de cor também e ele formou-se médico [...] o Veridiano... E então ele é desses Prediletos, ele era fanático. Todo mundo conhecia o Veridiano.” (PADILHA, 1991, p. 2 apud VIEIRA, 2021, p. 171).


É provável que, nessa época, Veridiano ainda trabalhasse como motorneiro, conduzindo bondes, tornando-se posteriormente chofer no Departamento Estadual de Saúde. Somente aos 36 anos concluiu o 2º grau no Colégio Estadual Júlio de Castilhos (GOMES, 2016). Mas isso não impediu o filho da dona de casa e do estivador do porto de aspirar a continuidade nos estudos, cuja persistência lhe renderia o apelido de o “teimoso”. No mesmo ano, em 1942, presta vestibular para Faculdade de Medicina de Porto Alegre (UFRGS), reprovando. Persiste e em 1943 é aprovado, mas não obtém classificação. Com a nota alcançada ingressa na Faculdade de Ciência Médica do Rio de Janeiro (GOMES, 2016). Em 1947, após intervenção de seu pai junto ao governo federal, consegue transferência para a Faculdade de Medicina da UFRGS, onde forma-se em 1951. Colega, o Dr. Isaac Kelbert descreve a noite da formatura, conforme levantado pelo historiador Arilson Gomes (2016), no periódico A Hora, em 10 de setembro de 1954:


[...] no dia 15 de dezembro de 1951, vestindo o seu impecável smoking teve o nosso herói a maior noite de sua vida [...], a maior salva de palmas da noite foi reservada para ele [...] pelo esforço, pela perda de horas de dormir, pelo sacrifício pessoal (apud GOMES, 2016, p. 167).


No ano seguinte, o promissor médico falece precocemente, poucos dias antes de assumir como Diretor do Hospital Colônia Itapuã, na época ainda chamado de Leprosário. Em pouco tempo, torna-se nome de rua no bairro Petrópolis, a qual permanece até os dias atuais.




Referências


HERÓIS de Todo Mundo - VERIDIANO FARIAS, por Éder Farias. [S. l.]: Fundação Cultural Palmares, 15 mar. 2011. 1 vídeo (2 min 26 s). Publicado pelo canal Lapilar Produções Artísticas. Projeto: A cor da cultura. Série: Heróis de todo mundo. Episódio: Veridiano Farias, por Éder Farias. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=qxJkB6g_tLg. Acesso em: 22 fev. 2023.


BRASIL. Fundação Cultural Palmares. Personalidades negras - Veridiano Farias. Disponível em: https://www.palmares.gov.br/?p=30534. Acesso em: 22 fev. 2023.


GOMES, Arilson dos Santos. Luciano Raul Panatieri e Veridiano Farias: a trajetória de dois médicos negros sul-rio-grandenses. In: QUEVEDO, Éverton Reis; POMATTI, Angela Beatriz (org.). Museu de História da Medicina – MUHM: um acervo vivo que se faz ponte entre o ontem e o hoje. Porto Alegre: Evangraf, 2016. p. 156-171. Disponível em: https://www.yumpu.com/pt/document/read/56577330/muhm-museu-de-historia-da-medicina. Acesso em: 22 fev. 2023.


SANTOS, Irene (org.). Negro em Preto e Branco: história fotográfica da população negra de Porto Alegre. Porto Alegre: [s. n.], 2005.


VIEIRA, Daniele Machado. Territórios Negros em Porto Alegre/RS (1800-1970): geografia histórica da presença negra no espaço urbano. Belo Horizonte: ANPUR, 2021. Disponível em: https://anpur.org.br/territorios-negros-em-porto-alegre-rs-1800-1970. Acesso em: 25 jan. 2023.




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