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Wilson Tibério

Atualizado: 25 de jul. de 2023


Wilson Tibério (1916-2005), ou Tibério, como preferiu ser nominado, foi um artista afro-brasileiro engajado no debate antirracista e colonialista do século XX. Pintor e escultor, nasceu em Porto Alegre e mudou-se para o Rio de Janeiro, onde residiu até deixar o Brasil em 1947 quando, com uma bolsa de estudos, emigrou para a França. A partir da Europa, viajou para diversos países como artista convidado, como a China e a União Soviética, e viveu longas temporadas na Costa do Marfim, no Senegal e na Itália. Viajou pelo Sudão, Senegal, Daomé (Benin) e Alto Volta (Burkina Faso). Em Paris, se relacionou com importantes personagens da diáspora africana e do movimento Négritude.


O artista nasceu e cresceu na região da Usina do Gasômetro e foi introduzido pelas mulheres de sua família, mãe, avó e tias no culto aos orixás. Construiu parte de sua expertise que o levou ao universo das artes atuando, na juventude, como coreógrafo no carnaval de Porto Alegre. Na então capital da República, o Rio de Janeiro, se formou na Escola Nacional de Belas Artes, onde recebeu menções honrosas e premiações em salões de arte. O interesse temático de Tibério era a vivência cotidiana da população negra e seus espaços de sociabilidade, como os morros cariocas, o Pelourinho de Salvador, ofícios tradicionais como quitandeiras e outros. Sua arte era o espelho da realidade social de negros e negras do país. Sua familiaridade em cenas religiosas de batuque o aproximou de Mãe Menininha, conheceu ainda Luiz Carlos Prestes, que o influenciou em sua decisão de filiação ao Partido Comunista Brasileiro e, junto com Abdias do Nascimento (1914-2011), foi um dos fundadores do Teatro Experimental do Negro (TEM), onde teve atuação como coreógrafo.


Na França, onde viveu de 1947 a 2005, quando faleceu aos 89 anos, Tibério dedicou sua arte ao interesse por temas africanos e a sua diáspora. Seu trabalho, visibilizado até em documentário para o cinema, se pautou de forma intensa pela denúncia ao colonialismo europeu em África, e a valorização, em oposição ao preconceito inerente à palavra negro.


Duas de suas obras podem ser encontradas em museus públicos de Porto Alegre, uma na Pinacoteca Ruben Berta no Paço dos Açorianos, conhecido como Prefeitura Velha, e outra na Pinacoteca Barão de Santo Ângelo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mais seis de duas produções pertencem ao acervo do Museu Afro Brasil, em São Paulo, estas doadas pelo artista negro Emanoel Araújo (1940-2022). As informações sobre sua biografia foram colhidas na entrevista dada pela companheira do artista, à pesquisadora Francielly Dossin, baseada em um texto não publicado traduzido do francês por Oliveira Silveira (1941-2009), documento (sem a entrevista) que se encontra na Pinacoteca Ruben Berta. Assim como pensa Dossin, a vida e a obra de Tibério podem ser definidas pela condição de ser negro.



Referências:


DOSSIN, Francielly. R. Entre evidências visuais e novas histórias: sobre a descolonização estética na arte contemporânea. UFSC. Tese de Doutorado, Florianópolis, 2016.


SILVEIRA, Oliveira. Dossiê, tradução livre do francês. Documentação da pintura a óleo Bahia (1946) de Wilson Tibério. Acervo da Pinacoteca Aldo Locatelli da Prefeitura de Porto Alegre


https://wilsontiberio.free.fr - site organizado por Giséle Tibério, filha do artista.


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